Faça o que eu faço – Sobre ser Psicóloga e Coach

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Desde pequena eu falava que iria cursar Direito e ser advogada como meu pai. Eu achava lindo ver ele sempre de terno, indo e vindo das audiências e muitas vezes falando de suas vitórias no tribunal, eu adorava passar o dia com ele no escritório, não só pela coxinha da lanchonete do tradicional edifício no centro de Florianópolis, mas pela companhia dele, por aquela cadeira gigante que girava e aquela estante cheia de livros que me encantava. Logo depois da precoce partida dele naquele acidente eu desisti do meu sonho de criança.

Já morando em Curitiba , em uma lanchonete perto da biblioteca pública, eu adorava passar minhas tardes lá,  conheci uma moça psicóloga, provavelmente eu estava comendo uma coxinha. Ela disse que era psicóloga e que no trabalho dela ajudava as pessoas a se sentirem mais felizes, eu achei aquilo incrível e decidi que era aquilo que eu queria fazer também. Nessa época o luto pela perda dos meus pais era bem recente e eu não sabia bem se existia algo que poderia ser próximo a felicidade, mas ela tinha um encantamento tão grande ao falar da profissão que eu decidi que era isso que eu queira fazer também e pronto.  Terminei meu segundo grau e passei no primeiro vestibular que fiz com 17 anos e uma carinha de menina lá estava eu na lista dos aprovados.  O que foi uma surpresa incrível pois, estive sempre entre os primeiros da turma, de baixo pra cima.

Na faculdade eu tive os melhores e um dos piores momentos da minha vida,  na faculdade eu conheci pessoas incríveis  que até hoje fazem parte da minha caminhada, procurei ser uma aluna dedicada, pontual, assídua e cuidadosa, e tive a sorte de encontrar os melhores amigos e professores que alguém pode ter na vida, eu tive colo, carinho eu recebi tanto amor que me  encorajou a persistir naquele sonho.  Foi no terceiro ano da faculdade que vivenciei o segundo maior e mais doloroso luto da minha vida, minha irmã Luana faleceu precocemente de um triste vírus no encéfalo. Foi nessa época que eu comecei a fazer  terapia e fiz a escolha de ser psicóloga clínica.

Logo que me formei ainda muito nova e com uma carinha de mais nova ainda fui fazer  minha primeira formação: em Terapia Familiar Sistêmica.  O que me habilitou a realizar atendimento clínico individual, casal e familiar. O aprendizado era continuo e cada vez mais apaixonante. Naquela época abri meu primeiro consultório junto com alguns amigos mas, nossa imaturidade nos fez adiar um pouco nossos planos. Circulei por outros empregos, tentei empreender e em meados de 2008 encontrei meu espaço para recomeçar, fiz algumas atualizações, e lá estava eu despontando na clínica novamente.  Eu já estava bem mais perto de fazer o que a moça da lanchonete tinha me inspirado aquela vez, eu estava bem mais perto de ajudar as pessoas a serem mais felizes. Eu sempre trabalhei pela saúde mental.

Já me estabilizando em meados de 2010 fui buscar uma certificação em coaching,  confesso que na época eu não sabia bem o que era isso mas gostei de saber que era um processo que ia ajudar as pessoas a sair de um estado atual(zona de conforto) e encontrar o estado desejado( bem mais perto da felicidade), pesquisei algumas escolas e encontrei uma de acordo com minha possibilidades e de encontro aos meus valores. Academia Brasileira de Coaching com certificação pelo Behavioral Coaching Institute, lá conheci pessoas incríveis e inspiradoras.  Em 2011 eu já estava devidamente certificada a ajudar ainda mais as pessoas a viverem  felizes e realizadas, alcançar seu potencial e desenvolver se em toda a sua plenitude. Muito perto do que nos diz a Psicologia Positiva.

Quando descobri que a profissão de coaching e o campo da psicologia positiva, senti  me como um passarinho libertado de uma gaiola, enfim eu poderia contar com estruturas intelectuais e colegas solidários que me ajudaram a transcender os limites impostos pela psicologia clínica. Novas possibilidades  logo surgiram, tanto para mim quanto para aqueles com os quais tenho o privilegio de trabalhar.

Pouco tempo depois fui buscar atualização e instrumentalização para aperfeiçoar meu trabalho com Terapia do Luto, nicho profissional que eu conhecia desde antes de descobrir a psicologia.

Por vezes encontro pessoas que ao me verem celebrando a vida, ou com minhas carências deixadas por uma lacuna intransponível de ter passado a maior parte da minha vida sem meus pais e com os tantos  lutos que vieram depois  falam:”- faça o que a Iza diz, mas não faça o que ela faz.” Ou até insistem em afirmar que eu só faço festa, ou falo mais que a boca, eu gostaria de te dizer faça sim: Ame sua profissão como eu amo a minha, conheça a alma humana como eu que, há quase 20 anos tenho o privilégio de conhecer, tenha mais  de 1000 horas de atendimentos clínicos, salve uma, duas, três ou até mais vidas de pessoas que em você depositaram sua última esperança, conheça e conviva com pessoas de todas as classes com títulos e sem títulos, estude e se atualize sempre, daí sim,  tenha propriedade para dizer algumas coisas que as vezes parecem ser maiores que a boca.

E nessa bagunça toda de Psicologia e Coaching,  entre os tantos profissionais  que tenho e tive o privilégio de conviver e até orientar, conheço psicólogos que não indicaria nem para meu pior inimigo e conheço Coachs que não são psicólogos que faço questão de trabalhar em parceria e encaminhar aqueles que me procuram mas que eu não posso ajudar.

Ao invés de julgar, invejar  ou tirar suas conclusões pelas fotos nas redes sociais, por um merchandising na novela ou pelos sorrisos  estampados nas fotos, procure fazer a sua parte, procure ser o melhor naquilo que você se propõe  a fazer, seja Psicólogo, Coach ou o que você tiver de talento.  Forte abraço.

Izabela Neves Freitas – CRP 08/07396