E SE…

izabela neves freitas

                         A recorrência do luto coletivo entrando nas nossas casas sem tempo sequer de digerir ou assimilar o acontecido anterior nos faz pensar no quanto o ciclo da vida, os relacionamentos interpessoais, valores e a empatia estão parecendo invertidos.

                           Somos invadidos por notícias de perdas que nos fazem sentir a dor do outro como se fosse nossa. E se as nossas perdas já nos trazem imenso sofrimento, quando em grandes proporções e tamanha violência, nossas emoções ficam ainda mais confusas. Dentro de cada coração se estabelece uma mistura de impotência, tristeza, dor, vulnerabilidade, medo , raiva entre outros sentimentos que se confundem com nossa rotina.

                      Considerando que cada um vai dar um significado para os fatos anunciados que se misturam com sua história pessoal não podemos deixar de pensar no que vamos fazer com tudo isso. É exatamente isso o que vamos fazer com tudo isso?

                        Não adianta pensarmos no que levou isso a acontecer, isso a gente até já sabe, cada um tem um réu para os fatos. Precisamos falar sobre isso, precisamos explicar para nossos amores que por mais que esteja sendo comum,que isso não é normal. É preciso estarmos atentos ao funcionamento das nossas famílias, a comunicação real nos nossos relacionamentos e principalmente procurar o significado  nos olhos vidrados na tela do celular.

                 O afeto de forma genuína se dá na troca de solidariedade, compaixão, fraternidade, no abraço e na conversa olho no olho. O amor se manifesta quando você é escutado, e é este socorro que a vida  está pedindo. Acolhimento, cuidado e carinho. Estamos tendo vários exemplos da fragilidade da vida, já percebemos que ninguém tem uma plaquinha de validade impressa em um lugar no corpo, isso não temos como mudar. Mas a gente pode sim ser um pouco mais cuidadoso, empático, amoroso e acima de tudo grato.

E SE FOSSE COMIGO?

E SE O PRÓXIMO FOR O MEU AMOR?

E SE… geralmente depois da perda esta expressão não tem muito significado pois não temos como voltar no tempo,  a morte não esquece de ninguém ,difícil é você esquecer de viver.

Tudo isso vem para lembrar que o tempo é nosso maior bem e que, ou vivemos com intensidade e amor hoje, ou não teremos tempo amanhã de nos arrependermos.

Izabela Neves Freitas CRP 08/07396